MTV Brasil

A MTV Brasil era um sonho pra todo mundo que nasceu nos 80 e 90. E não é que eu, de todas as criaturas do universo, acabei realizando esse sonho? :D

Entre o pessoal que tá beirando os 40 (para mais ou para menos), é fácil encontrar quem um dia sonhou em trabalhar na MTV Brasil, a original, seja apoiando o pezinho no três tabelas na frente do fundo verde, seja produzindo, dirigindo, indo ao VMB e outras tantas coisas que a gente sempre via. Se bobear, você é uma dessas pessoas.

Eu, porém, embora assistisse à programação desde os tempos mais primórdios, só sonhava mesmo com aqueles iMacs, translúcidos e coloridos, que apareciam direto na programação, especialmente de tarde. Sempre fui, como dizia minha avó, "bicho do mato" e, por quase toda a minha adolescência, fazia o possível pra fugir das câmeras da família... imagina enfrentar as de uma TV? Deixa pra lá.

Mas a vida, né? Comecei a escrever sobre cultura pop (o que, aliás, também é um resultado de "a vida, né?"), surgiu essa coisa de vídeos na internet e, de repente, os universos começaram a colidir: no exato mesmo dia em que levei o JUDAO.com.br para o antigo e saudoso Portal MTV, fui convidado pra participar de uma edição do Podcast de Cinema MTV que seria gravada naquela noite, pra falar de filmes, claro, e sobre a parceria costurada por Rafael Losso e Bruno Ondei, sob a BATUTA de Mauro Bedaque. Na semana seguinte, mais um convite. Depois outro. E mais outro. Até que o que era só uma participação virou elenco fixo do podcast. E, assim, por dezenas de episódios entre 2009 e 2010, dividi o único microfone daquele estúdio onde todas as locuções da MTV eram gravadas com Bruno Ondei, Álvaro Campos, Sophia Reis e Léo Miranda.

Eu, Thiago Borbolla, pessoa física, agora estava dentro da MTV.

Mais uma carinha na TV

Sempre ali e com algum tempo de experiência fazendo vídeos para o JUDAO.com.br, no início de 2010 eu acabei sendo convidado pra ser um dos "Correspondente NERD" do MTV na Praia, apresentado por Penélope Nova. A ideia era, junto de outros parceiros do Portal MTV, mostrar pro pessoal que não estava na praia curtindo o verão, o que poderia ser feito nesse período -- ir ao cinema, jogar, essas coisas.

Até hoje sem entender de onde eu tirei aquilo, no fim do primeiro vídeo, puxei um zoom e mandei "Beijo, Pê! :*". Passei um dia inteiro desesperado com o tipo de resposta que viria, já que o programa era ao vivo e a Penélope poderia fazer qualquer coisa -- o que, na minha cabeça, era simplesmente acabar comigo. Mas... não. Ela fez o mesmo: puxou o zoom e "Beijo, Borbs!".

Química criada, as minhas participações como Correspondente Nerd passaram a ser cada vez mais frequentes, até que surgiu o convite para que eu fosse colunista de games no Scrap MTV, o programa da Marimoon. Algumas semanas depois, outro convite, dessa vez para um famigerado teste de VJ. Que eu fiz. E que eu passei.

Enquanto alguém que cresceu e teve uma boa parte do seu caráter formado pela MTV, eu não consigo dizer que fui um "VJ da MTV", o clássico. Oficialmente era, no contrato era, no apoio da perna (que cês não tem noção de como ajuda) era; mas na minha cabeça eu era um simples apresentador e, depois, repórter também. Pro resto do mundo não importava: ao dividir com Marina Santa Helena a apresentação do Fiz na MTV, eu era sim um VJ.

Isso significa que aquela molecada parava pra falar comigo na porta da TV, que eu não precisava de crachá pra entrar no prédio e que pouco mais da metade do meu corpo apareceria semanalmente na TV. Quem diria, né?

No Fiz, que existia num mundo em que o YouTube também existia, mas os YouTubers ainda não, apresentamos para o mundo vídeos de uma galera que, depois, viria a dominar a internet, como TV Quase e Anões em Chamas, que você talvez conheça por aí como "o pessoal do Choque de Cultura e Porta dos Fundos", entre tantos outros. Galo Frito, Blues Filmes...

Como o contrato de VJ previa que eu fizesse toda e qualquer coisa que eles precisassem, "co-apresentei" também uma edição especial de 20 anos da MTV do MTV na Rua, ao lado da Penélope; um aquecimento do VMB 2010, ao vivo, usando terno e bermuda; fui repórter do Notícias MTV e Notícias de Verão; e ~correspondente do Debate MTV em algumas universidades da grande São Paulo, também ao vivaço -- que, devo dizer, prefiro infinitamente mais do que gravado. :)

No início de 2011, sob nova direção, muitos projetos acabaram chegando ao fim, o que inclui não só o Fiz na MTV, como o Portal MTV que conhecíamos. A enorme maioria dos vídeos dos programas que estavam catalogados por lá acabou indo junto e, se não fosse a galera que gravava de alguma maneira, te contar viu? Quem tiver curiosidade, pode ver tudo o que eu consegui encontrar aqui. :)

Posso nunca ter sonhado em ser, nem me considerar exatamente um VJ da MTV... Mas taí uma das coisas que eu mais gostei de ter feito. :)